Necessária solidão

"É na solidão, onde cada um está entregue a si mesmo, que se mostra o que se tem em si mesmo.Nela, sob a púrpura, o simplório suspira, carregando o fardo irremovível da sua mísera individualidade, enquanto o mais talentoso povoa e vivifica com os seus pensamentos o ambiente mais ermo." Arthur Schopenhauer

domingo, dezembro 31, 2006

A morte de Saddam...


Não consigo esconder meu mal estar. As fotos que mostram Saddam, minutos antes de seu enforcamento, imediatamente despertam um certo tipo de comoção. E não era de supor que a morte de um sanguinário ditador pudesse comover. Isso de algum modo me deixou irritado. Haverá algo de errado com meu sentido ético? Será que perdi meu chão valorativo? Distanciei-me do sentido solidário com as vítimas do ditador? Ou terá diminuído o asco que sinto por qualquer tipo de assassino? De pronto, ao mencionar a palavra "assassino", surge diante de mim a possibilidade de uma explicação para o meu mal-estar: matar, mesmo sob o signo da justiça, não nos transformaria a todos também em assassinos? Matar, não nos tiraria qualquer possibilidade de ostentação do senso civilizatório? Eis uma boa reflexão...talvez um pouco descolada de um dia como este, mas nem por isso menos importante. Afinal de contas, num final de ano, ao desejarmos e comemorarmos mais vida, refletir sobre a morte é um contraponto interessante....