Necessária solidão

"É na solidão, onde cada um está entregue a si mesmo, que se mostra o que se tem em si mesmo.Nela, sob a púrpura, o simplório suspira, carregando o fardo irremovível da sua mísera individualidade, enquanto o mais talentoso povoa e vivifica com os seus pensamentos o ambiente mais ermo." Arthur Schopenhauer

segunda-feira, dezembro 18, 2006

...rabiscos perdidos......

...mas quem já não fez isso?...de remexer em livros antigos, em papéis amontoados à espera do lixo?...e de se reencontrar com coisas escritas há muito tempo? ...estes "Versos para um mundo sem fome" eu os encontrei datilografados numa folha de ofício. Data: agosto de 1992.

"Para fazer uma poesia
que fale alto ao coração
é preciso inspiração.
Mas precisa muito mais:
é preciso a humildade
de saber que a humanidade
tem mistérios muito grandes;
que por mais que nós pensemos
que um dia chegaremos
às respostas tão ansiadas,
o que só conseguiremos
serão dúvidas, nada mais!

Isso não significa
que não tenhamos que tentar
pois aos homens, o pensar
é o que faz a diferença.
É no campo das idéias
que podemos congregar
as pessoas neste mundo,
onde as contradições
são tão grandes e penosas;
mas é delas que podemos
retirar ensinamentos
que nos possam elevar.

Vejam a fome, por exemplo:
não há um lugar na terra
que ela exista simplesmente.
Tem que haver causa aparente
que explique tanta gente
sem ter o que comer.

Mas se somos racionais
vamos lá, vamos pensar!
Será que aqueles que têm muito
têm tudo isso por destino
ou por algo peculiar?
Será fruto do trabalho
ou de alguém a explorar?

Não é preciso ser um gênio
prá entender que a história
com seus fatos e seus homens
mostra aquilo que alguns sabem
e outros tentam esconder.
É só parar prá refletir
assim podemos definir
quem tomou e quem perdeu
e quem foi que prometeu
ou quem nunca fez cumprir.

Do trabalho vive o homem
dizem os outros por aí.
Mas como é que se explica
pouca gente...e gente rica
com o bom e o melhor
sem saber o que é labuta,
e o operário aqui na luta,
sem dinheiro e na pior?"


Será que não caberiam estes versos "como uma luva" no Fome Zero?