Necessária solidão

"É na solidão, onde cada um está entregue a si mesmo, que se mostra o que se tem em si mesmo.Nela, sob a púrpura, o simplório suspira, carregando o fardo irremovível da sua mísera individualidade, enquanto o mais talentoso povoa e vivifica com os seus pensamentos o ambiente mais ermo." Arthur Schopenhauer

segunda-feira, outubro 12, 2009

O que nos une?

A completa banalização de nossas vidas e sua transformação num mero exercício de sobrevivência é o grande perigo que enfrentamos se não nos dispusermos à reflexão sincera sobre nossa condição de seres humanos. Tanto faz viver numa pequena cidade ou numa metrópole, poderemos facilmente, se assim permitirmos e se não estivermos atentos, nos colocar numa posição de completa alienação e de simples espectadores do mundo.

As limitações de ordem sócio-cultural a que frequentemente nos submetemos podem ser vencidas se para isso usarmos nossa inteligência e a imensa capacidade criadora que a natureza nos proporcionou e se fizermos um esforço no sentido da transformação.
Morar aqui em Itajaí, em Tegucigalpa ou em Tóquio não nos tira a condição de cidadãos do mundo. Tudo que nele acontece nos diz respeito e o desejo de melhorar é o elo que nos une. Entendermos que há muito por fazer - aqui e agora - e que o mundo se transforma um pouco no somatório de nossas atitudes transformadoras é o que nos dá legitimidade para fazer jus àquela condição.

Entretanto, não basta apenas o desejo de melhorar. Há que se ter práticas no sentido da melhoria. Em outras palavras, "falar em mudanças sem mover um dedo no sentido delas é falar com um cadáver entre os dentes". As mudanças, como regra, não acontecem ao acaso e às vezes são muito lentas. Não dependem da ação desta ou daquela pessoa. São o resultado final das atitudes de cada um de nós, aconteçam elas no plano pessoal, profissional ou sócio-político. É, pois, ingênuo acreditar que uma ou outra pessoa detém em suas mãos as respostas para as crises, que são sempre multifatoriais.

Temos, portanto, que encontrar tempo para a reflexão, buscar respostas e exercermos constante auto-crítica. Precisamos entender que somos únicos, mesmo nos nossos erros; que compartilhamos as mesmas incertezas e que ninguém é dono da verdade. Não podemos esquecer que o que é humano não nos pode causar estranheza e que, às vezes, correr riscos pode apenas significar liberdade e que o "máximo de segurança pode significar escravidão".

No nosso dia-a-dia, a preocupação com o consenso e a unanimidade não pode se sobrepor ao fato de que com frequência é a divergência e a crise que encerram em si a nossa derradeira oportunidade de crescimento.

Aprender a conviver com as incompreensões, com a crítica, com a possibilidae do erro e, por vezes, com a dor é, afinal de contas, aquilo que lapida nosso espírito e nos ensina a viver.