Necessária solidão

"É na solidão, onde cada um está entregue a si mesmo, que se mostra o que se tem em si mesmo.Nela, sob a púrpura, o simplório suspira, carregando o fardo irremovível da sua mísera individualidade, enquanto o mais talentoso povoa e vivifica com os seus pensamentos o ambiente mais ermo." Arthur Schopenhauer

segunda-feira, janeiro 22, 2007

...relendo Fernando Savater...

...aproveito para fazer o registro da última página do seu livro "Ética para meu filho" (Ed. Martins Fontes), em que o autor tenta "dar umas dicas" ao seu filho adolescente:
"A boa vida não é algo geral, fabricado em série, ela só se faz sob medida. Cada um deve inventá-la gradualmente, de acordo com sua individualidade, única, irrepetível... e frágil. Na questão de viver bem, a sabedoria ou o exemplo dos outros podem nos ajudar, mas não nos substituir... A vida não é como os remédios, que vêm todos com suas bulas, explicando as contra-indicações do produto e detalhando a dose em que deve ser consumido. A vida nos é dada sem receita e sem bula. A ética não pode suprir totalmente essa deficiência, pois é apenas a crônica dos esforços feitos pelos seres humanos para remediá-la. (....) A única coisa que a ética pode lhe dizer é que você pense e busque por si mesmo , em liberdade, sem ardis: responsavelmente. Tentei ensinar-lhe formas de andar, mas nem eu nem ninguém temos o direito de carregá-lo nas costas. Termino, no entanto, com um último conselho? Uma vez que se trata de escolher, procure uma opção que lhe permita depois o maior número possível de outras opções; não faça uma escolha que o deixe encurralado de cara para a parede. Escolha o que abra: para os outros, para novas experiências, para diversas alegrias. Evite o que o feche e o enterre. Quanto ao mais, boa sorte!(...) Tente não ocupar sua vida em odiar e ter medo!"
Vale a pena a leitura... e a releitura.

sábado, janeiro 06, 2007

O que é o "real" ?

Há uma névoa envolvendo tudo e a todos.E ela não nos permite ver com clareza o que de fato acontece à nossa volta. É uma espécie de "miopia psicossocial". Enxergamos as pessoas e as coisas, mas não as vemos como de fato são. Ouvimos suas palavras mas não conseguimos escutar o que elas têm a dizer. Esta é a sensação quando se observa as pessoas e o mundo, com seus arranjos, seus entrelaçamentos, suas conveniências . Tudo bem maquiado para se sobreviver num mundo que está se esvaziando , está ficando oco, anestesiados pela mentira. Estamos diante do sinal, que está fechado. Para termos tempo de cumprir nossos rituais de banalização, nos anulando diante dos apelos "glamurosos" do consumo e da "telinha". Mas se cruzarmos o sinal, se arriscarmos, conseguiremos nos reinventar e descobrir nossa humanidade no encontro com os outros?